Meia-noite de sexta-feira; resolvi contar como foi a minha quinta, isto é, ontem. Antes um aparte: na noite da quarta-feira tive um problema de conexão com o velox que a telemar me disse seria resolvido em uma hora, era manutenção de rotina da região. Vamos à quinta-feira em si.
Acordei, liguei o computador e o problema de conexão ainda não estava resolvido. Ainda eram 7h15 e decidi entrar em contato logo com a telemar, para consertar as coisas rápido. 7h30 eu estava no telefone, desligando os cabos do meu modem e reiniciando o computador. 8h eu fui transferido para um técnico em banda larga, que pediu para eu aguardar um minuto. Liguei para a minha carona agradecendo e expliquei que eu chegaria mais tarde no trabalho. Às 10h desisti de esperar o um minuto do técnico, desliguei o telefone, comi alguma coisa e tomei um banho.
Eram 10h30 quando chamei novamente o suporte, pediram todos os meus dados novamente, me mandaram para uma especialista em velox. Já fui avisando que eu não poderia ficar novamente duas horas esperando. 10h45 eu escuto que “estão atualizando a velocidade do modem”, pergunto se até a noite tudo estaria resolvido, ela afirmou que sim, fui trabalhar.
Às 10h50 aviso a minha colega de trabalho que eu chegaria ao meio dia. O ônibus passa às 11h20, cheio, mas consigo me assentar e pego meu livro para ler. 11h30 entra um ex-drogado divulgando a sua casa de recuperação para dependentes químicos, diz que venceu a luta contra a marginalidade, recita passagens da Bíblia em voz alta o suficiente para eu não conseguir ler mais. 12h00 o ex-drogado cala a boca e desce. 12h05 eu chego no trabalho com cara amarrotada, três horas e cinco minutos atrasado e com fome. Resolvo algumas coisas e saio para almoçar rapidamente.
12h35 assento para almoçar, 12h45 eu termino, 12h50 o mundo desaba em água, 12h55 estou encharcado porque resolvi atravessar a rua, afinal, a chuva vai durar a tarde inteira mesmo. 13h05 a chuva pára e abre um sol lindo. De 13h15 às 17h45 eu finjo que trabalho, ou tento fingir, e escrevo zil e-mails. 17h50 reunião para o café da tarde e minha colega explica que usou macaquinhos ioga depois da gravidez, e quando estava amamentando tinha que transar de sutiã senão o leite espirrava. 18h00 eu desisto, sento para ouvir Noa e Elis Regina. 18h30 desligo as máquinas e vou para casa.
18h38 andando na rua dou de cara com um carro Honda lindo dirigido por uma senhora de bobs brancos e camiseta regata listradinha comprada na Nova Brasília. 18h42 o ônibus passa. Dentro dele três caras meio chapados cantando pagode e sertanejo. 18h47 um dos caras começa a dançar no corredor central do ônibus gritando Cadê o Marcelo? 18h48 eu peço a Deus para levar a minha alma embora, não sou atendido. 19h25 chego no centro da cidade depois de uma sessão de jeripoca vai piar misturada com amor cara de pau e a canção de seu guarda.
19h35 estou no apartamento do centro, abro a porta da área de serviço e percebo que a minha cachorra rasgou todos os jornais, arrastou um dos tapetes que estavam no varal (deve ter caído) pela área toda, arrastou a fruteira e pôs os bicinhos dela de castigo no cocô. 19h36 minha cachorra pede colo, 19h37 começa a me morder. 19h40 assisto o fim da novela, a cachorra mordendo, jornal, cachorra mordendo, dou a bolinha, pego a caminha dela e ponho no quarto, 19h45 a cachorra faz cocô no meio do quarto ao lado. 20h15 eu desisto da cachorra, volto com ela para a área de serviço.
21h começa a novela, banho cama beijo lazer... 22h40 sento para comer algo, 23h venho para a minha casa, ligo o computador, o velox ainda não funciona, chamo novamente a telemar às 23h15. 23h30 sou transferido para um especialista em velox, que pede para eu esperar um minuto. Suplico para que eu não fique na linha por duas horas seguidas, ele resolve tudo em 10 min. 23h45 já tenho internet, 0h resolvo fazer esse texto e publicar sem nenhuma revisão às 0h35.
Assim, extenso, foi meu dia de ação de graças. Por Marcelo Belico, às
12:35 AM.
terça-feira, novembro 22
121. mé
Terça-feira é dia de escrever aqui quando tenho vontade. Fui salvo por uma trufa de cachaça na hora do almoço. O dia tinha tudo para ser ruim, resolvi fazer minha barba depois de duas semanas, para tirar o jeitão de capitão-caverna. Só que acabei sem querer criando um buraco na minha sobrancelha, tanto que vou ter de usar franjão por uns tempos. Nada contra franja nos outros, é que eu não fico muito bem com a minha.
Porém depois do almoço, do nada, lá estava ela no restaurante, me esperando. Uma trufa de cachaça maravilhosa, coberta com anilina dourada, pronta para ser comida. Joguei o regime (que regime?) para o lado e comi sem culpa. Estava tão boa que até deu vontade de escrever alguma coisa. Como hoje é terça ... Por Marcelo Belico, às
2:45 PM.