sexta-feira, maio 28

8. primeiras juras

Prometo: na hora de brincar, brincar; na hora de estudar, estudar... Primeiros compromissos de vida, formatura de jardim da infância. Juras nem sempre cumpridas, como quase todas as outras. Desde cedo somos treinados a desacreditar, a desdizer. Depois juramos a formatura do colégio, o final da faculdade, o altar. Falado e registrado por mães zelosas, tias chorosas, avós engasgadas. Tudo dito, nada feito. Quase-nada feito além de uma excelente declaração de intenções e de vontades.

Eu trocaria a minha jura: prometo ser autêntico e coerente na medida do possível; prometo buscar os meus objetivos sem machucar ninguém, fazendo o meu melhor para tornar a vida do próximo também mais justa; prometo caminhar junto e compartilhar qualidades e defeitos para que, assim, possamos ter uma vida digna, um em companhia do outro.

Por Marcelo Belico, às 2:24 PM.




terça-feira, maio 25

7. a agulha

Fui criado em família que sabe crochetar e tricotar. Desde sempre envolvido com senhoras graves e serenas, cabeças brancas no meio de suas agulhas e fios. Família que sabe tramar unida produz colchas maravilhosas, e um emenda o trabalho do outro quando o mesmo desmancha... Menino, pára de puxar o fio! Crochê é coisa de mulher, sai daqui!

Precisei exercitar a arte das tramas por outras bandas. Desenrolar o novelo de lã, desfiar a vida e costurá-la de um outro modo.

Por Marcelo Belico, às 12:17 AM.




sexta-feira, maio 21

6. phone rings

Já fui viciado em telefone. Daqueles que tinham celular ligado o dia todo e duas linhas em casa. Atendia em qualquer hora que procurado. Agora existe apenas uma linha muda e não sinto falta alguma. Certas horas esperar o telefone torna-se angustiante demais. Parei de olhar para aquilo e pedir parla! como um Michelangelo.

Por Marcelo Belico, às 8:31 AM.




terça-feira, maio 18

5. cabelo

Pergunta difícil de responder é o como você quer? do cabeleireiro. Porque, independente de quanto doido se queira o novo corte, o cabelo termina exatamente do jeito que o dono da tesoura quis. Não que isso seja de todo ruim. Também não deixa de ser uma agressão, afinal se eu, que sou o dono do cabelo, quero sair sarará-miolo quem tem o direito de dizer que pareço melhor com um príncipe-danilo?

Atualmente tenho preferido um corte não-corte. Isso até o próximo assentamento de cadeiras, onde alguém, conhecido ou não, resolverá qual o próximo layout.

Por Marcelo Belico, às 6:00 AM.




sexta-feira, maio 14

4. da triste sina

Dorme. Acorda. Dorme. Acorda. Come. Trepa de vez em quando, bem de vez em quando. Beija. Goza. Do outro e com o outro. Telefona. Trepa de vez em quando. Dorme. Acorda. Dorme. Acorda. Perde dinheiro, ressaca.

Agônica vida de solteiro.

Por Marcelo Belico, às 5:21 PM.




terça-feira, maio 11

3. ela

O pior dos infernos é a solidão - Eça de Queiroz

Justo pelo medo dela cometemos os piores desatinos. Concordo ser ruim deitar sozinho a cabeça todas as noites. Confesso também já ter-me perdido por vezes, até mesmo confundido o medo dela com paixão ou amor. O medo não passa, mas tantas vezes transforma-se em costume ou hábito. Hoje vejo-me mais exigente, mesmo me pelando de medo de acabar sozinho. E aprendi que o travesseiro pode ser melhor que arrependimentos.

Por Marcelo Belico, às 12:16 PM.




sexta-feira, maio 7

2. carpe diem

"Existe coisa mais clichê do que sexo? Não conheço. São as mesmas caras, os mesmos respiros, os mesmos lugares, os mesmos efeitos. Sexo é a mediocridade por definição, pois qualquer um o faz, e igualzinho, desde o mais brilhante gênio ao mais estúpido ignorante. Somos, portanto, todos medí­ocres quando trepamos - nada será feito que alguém já não fez antes, nada vai acontecer que já não se repetirá um milhão de vezes. Estamos, então, presos à mediocridade pelo resto da vida. A lamentável mediocridade, que se aproveita desses momentos considerados fundamentais - o ato sexual, a cerimônia de casamento, o nascimento de bebês, a morte - para se apossar de nós. Porque estes são os eventos massacrados pela ideologia do igual, do se sentir igual, da repetição ancestral chamada de tradição. Fica todo mundo nervoso e feliz no dia do casamento, fica todo mundo otário e feliz quando nasce um nenê, fica todo mundo vago e triste quando morre um ente querido. Fica todo mundo ridicularmente igual quando se está apaixonado - que é o único motivo para se envolver num ato sexual, a menos que você o faça por dinheiro. A paixão - concluindo - impregna-se do comum como um papel jogado na água. Sou capaz de um chute: 75% das pessoas mandaram um letra de música para quem se achavam apaixonadas. E 80% juraram que jamais sentiram algo parecido na vida. E 90% agiram impensadamente deixando recados tolos em secretárias eletrônicas. E 99% quiseram morrer quando o telefone não tocou. Sendo assim, para que pudores?" Fernanda Young. O efeito Urano.

Por Marcelo Belico, às 10:00 AM.




terça-feira, maio 4

1. os porquês

Terças e sextas. Porque são os dois dias da semana em que publicarei os escritos. Terça porque é depois da segunda-feira, e nem sempre todos gostam das segundas. Sexta porque vem antes do fim de semana. Terça e sexta porque tudo pode mudar em quatro dias. Terça porque não é representada por um número ordinal, senão seria terceira. Sexta porque começa com sex e dá margem aos encontros. Terça e sexta porque é uma tentativa de autodisciplina. Terça-feira porque é um dia inócuo de trabalho, sexta-feira porque causa expectativas.

Sexta porque é o dia em que as idéias se criam. Terça porque é o dia em que se busca a síntese. Aqui será sempre e somente às terças e sextas. Então benvindo e puxe a cadeira.

Por Marcelo Belico, às 12:57 PM.





Marcelo Belico
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