sexta-feira, dezembro 31

70. fim de ano

Não tem texto hoje. O que você está fazendo aqui que ainda não foi se arrumar para os fogos? Vista-se de branco e comemore, mesmo que seja sozinho com um copo de café assistindo o show da virada. Acredite: dias melhores virão para todos.

Por Marcelo Belico, às 6:56 PM.




terça-feira, dezembro 28

69. little patch of heaven

I know a place, pretty as pie, out where the riverbend hits up with the end of the sky. It's left of Nebraska, and over a crest, on a little patch of heaven way out west. Ev'rything's green - know what I mean? Darlin' it's quite the sweetest sight thatcha ever done seen. Ain't nothin' much out there - just life at its best, on that little patch of heaven way out west. Bees by the dozen are buzzin' real peaceful. Ev'ry bluebonnet, doggone it, smells nice. Even the tumblin' tumbleweed slows down to match ter speed on my tiny half-an-acre of paradise! Ev'ry which way, buttercups sway. Out on the hill, the daffodills are enjoyin' the day. What could be better than settin' to rest, on a little patch of heaven way out west?

Hummin' birds flutter in utter contentment. Ev'ry dark daisy feels lazy, you bet. Even the skeeters an' the fleas say "May I," "Thanks" and "Please" - why, it's just as close to perfect as you can get! Darlin', I swear - once you been there, there aint a view beneath the blue that could ever compare! The only thing missin' is you as my guest on that little patch of heaven way out west... Why don'tcha come visit? There's room in my nest - on that little patch of heaven way out west!

*Music by Alan Menken, Lyrics by Glenn Slater

Por Marcelo Belico, às 11:50 PM.




sexta-feira, dezembro 24

68. pequeno conto de natal

O velho Elias arrastou, como todas as noites, as suas poucas traquitanas até ao pouso habitual. Encostou os sacos, puxou dos cartões e começou a preparar o chão que lhe iria servir de cama. No lajedo das arcadas da praça, o reflexo colorido das luzes que chegava das ruas espalhava-se pelas pedras, ajudando na tarefa. Depressa aprontou tudo a contento.

Passou os olhos pela improvisada cama em revista e remexeu no bolso do casaco. Lá de dentro tirou um pequeno cartão que foi ajeitar com cuidado no canto onde ficaria a cabeceira. Acendeu um coto de vela que guardara para aquela noite e colocou-o diante. Agora estava tudo pronto. Deitou-se e ficou por momentos a olhar as figuras do presépio, iluminadas no velho postal de Boas-Festas. Depois vencido pelo cansaço adormeceu.

*Texto de José António de Safri

Por Marcelo Belico, às 12:00 AM.




terça-feira, dezembro 21

67. libélula ilusão

A energia da libélula é a do sonho e da fachada ilusória que nós aceitamos como realidade. A irisdescência de suas asas lembra-nos as cores nunca encontradas em nossas experiências de todo-dia. A mudança de cor, de energia, de forma e de movimento da libélula explode na mente do observador, trazendo vaga memória de um tempo ou lugar onde reinava a magia.

Conta a lenda que um dia a libélula foi um dragão, e tinha escamas como hoje são suas asas. O dragão tinha muita sabedoria e voava pela noite trazendo luz com o seu sopro flamejante. Esse sopro gerou a arte da magia e a ilusão da mudança de forma. Ele, então, foi apreendido por sua própria fachada. Um coiote o persuadiu a mudar de forma; seu novo corpo tornou-se como o da libélula. Ao aceitar o desafio de provar sua força e proeza mágicas o dragão perdeu o seu poder.

Por Marcelo Belico, às 9:30 AM.




sexta-feira, dezembro 17

66. concreto

O personagem ocupa seu tradicional espaço: cadeira de ônibus. Passa por trânsito e buzinas e vendedores e liga a sua música. Aliena os ouvidos, mas inevitavelmente filma os dias em seu trono mal-pago. Um sagrado direito de ir e vir metaforizado no bilhete da passagem. O personagem é passageiro. E o passageiro não quer ser incomodado, não quer a criança que chora, não quer nada além de não ser notado. O engarrafamento ajuda a transtornar.

Chove. Lá fora um homem treme e abraça o chão, enfarta. O personagem olha, o pequeno grupo de transeuntes olha, a cidade olha. Ninguém ajuda, o personagem está ocupado demais consigo para pensar em descer e ser mais um a aumentar a roda de pessoas. O homem agoniza, alguém deve passar e socorrê-lo. Não o personagem, que agora só quer dormir e fugir da veia urbana em que está metido.

Chega em casa e mete-se debaixo da cama.

Por Marcelo Belico, às 1:29 PM.




terça-feira, dezembro 14

65. persona

O personagem pára diante do espelho e chora. Está nu e tem frio. Porém não chora por sua vergonha, e sim pela grande calamidade que é existir. O personagem não se incomoda com o corpo já marcado pelo tempo, admira algumas cicatrizes, penteia seus cabelos que começam a pratear com orgulho. Mas chora como uma criança abandonada nas ruas de uma cidade desconhecida. O personagem sente o abandono. A vida muda; o momento mudo. A calada das horas. O personagem está só na multidão e acende um cigarro.

Quer coragem para vestir-se para mais um dia de solidão em conjunto. Põe sua música e sente que tem alguma companhia, canta com o aparelho de som. Sua música toca, ele se veste, tudo acaba. O personagem sai para trabalhar e o maquinário da cidade reverbera em seu ouvido. Ponto de fuga: discman. Observa a cidade, a urbe em que vive, é parte, engrenagem. Aceita seu rumo e não discute, é preciso ganhar o pão. (continua...)

Por Marcelo Belico, às 8:43 PM.




sexta-feira, dezembro 10

64. samambaia

Penso que as samambaias são elementos fundamentais em qualquer apartamento que se pretenda urbanae. Samambaia é elemento decorativo de casa de vó. Mas não seremos nós os avós de depois de amanhã? Porque idade para pais já passamos dela, e bobear temos uma ou outra cria perdida num busdoor. Plantemos então samambaias, plantas de esporos, planta verde que não presta para nada além de crescer para baixo em um xaxim e acumular lodo. Esse apartamento onde moro ainda não teve samambaias, aqui plantamos violetas e jardineiras por enquanto. Providenciarei uma samambaia imensa dependurada em um gancho do teto e tocando a franja no piso. Uma cortina verde para meus futuros herdeiros brincarem de esconde-esconde. Talvez também para separar a cozinha da área.

O nome samambaia é proveniente do tupi e significa aquele que se torce em espiral. Seu habitat pode ser tanto um vaso de xaxim como o tronco de uma árvore, uma pedra ou mesmo o próprio solo ou a água, como as samambaias aquáticas. O sucesso no cultivo destas plantas depende da capacidade de reproduzirmos em casa as condições naturais em que estas vivem nas matas. A maior parte das espécies preferem ambientes sombreados. O vento é um dos seus maiores inimigos, causando queima das folhas mais jovens e perda de água por evaporação. Samambaias também não gostam de alterações de lugar, pois elas acostumam-se com a luminosidade, temperatura e umidade local, podendo definhar e até morrer caso sejam mudadas. Normalmente são cultivadas em xaxim, que retêm mais a umidade e permitem que as raízes respirem melhor.

Por Marcelo Belico, às 9:08 AM.




terça-feira, dezembro 7

63. conceito

Homem, ser urbano social. A organização em sociedades é comum até em tribos primitivas. Necessita-se o contato; o homem naturalmente atua como interventor. Seja por necessidade de adaptação ou para marcar seus traços. Fazem filhos para perpetuar a sobrevivência da espécie; constroem casas, aldeias e cidades pela necessidade de adaptação. Contudo o homem tem outros desejos além de sua sobrevivência pura e simples, e se difere do animal pelo desenvolvimento e consciência da cultura, pela racionalidade. Ser urbano cultural.

Cidades - polis - elementos humanos; frutos da cultura. Berços culturais, agregados, segregacionistas e degradantes. Vive-se em paradoxo, resgata-se o primitivo. A cidade nada mais é do que a selva reinventada; os cipós cederam seu lugar aos automóveis.

Por Marcelo Belico, às 4:54 PM.




sexta-feira, dezembro 3

62. urbanae

Urbanae, injetado humano. Um braço abraço do concreto. Fim do singelo, fim do bucólico, início da métrica. Tudo é urbanae, e aqui se depura um filho da urbe. Aquele mais um sem face, perdido no emaranhado urbano. Outro dos (ir)reconhecidos transeuntes registrados na tevê globo. Cinza iluminado pelas luzes amarelas, noturno sem muitas estrelas. Com néon e pisca-piscas e música eletrônica. Tem-se a personagem, cria-se a urbanae: cigarros, trânsito, fumaça, barulho, álcool, solidão, pista de dança, moeda, moda, moderno.

A cidade não recebe, prossegue. E devora o indivíduo que não se adapta.

Por Marcelo Belico, às 11:25 AM.





Marcelo Belico
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